Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana

 
Leonel Oliveira Mattos
Lucca Bezzon
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir ata do Copom, dados para os EUA e tarifas de Trump
  • Fatores baixistas
  • Possível atenuação do elevado nível de prêmio de risco associado aos ativos domésticos antes da aprovação do pacote fiscal pelo Congresso nos últimos dias de 2024.

     

  • Fatores altistas
  • Dados para o mercado de trabalho e para a atividade produtiva nos EUA devem se manter aquecidos em janeiro, reforçando a percepção de que o Federal Reserve será cauteloso em seu ciclo de cortes de juros e contribuindo para o fortalecimento do dólar.
  • Possível aplicação de tarifas de importação dos EUA sobre produtos mexicanos e canadenses podem resultar em maior aversão global a riscos, favorecendo o desempenho da moeda americana.
  • Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) pode reforçar a expectativa de que o Banco Central pode ser mais cauteloso em seu ciclo de altas para a taxa básica de juros (Selic), o que pode prejudicar a atração de investimentos estrangeiros e enfraquecer o real.

 

Resumo da semana passada

A semana foi marcada pelas decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, com ambos os bancos centrais adotando uma postura um pouco mais ponderada que o antecipado. Adicionalmente, a indefinição sobre novas tarifas de importação pelos EUA favoreceu o desempenho do real.

O dólar negociado no mercado interbancário terminou a sessão desta sexta-feira (31) cotado a 5,8355, recuo semanal de 1,4%, mensal de 5,5% e anual de 5,5%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 108,4 pontos, variação de +0,9% na semana, de +0,3% no mês e de +0,3% no ano.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)

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Fonte: Refinitiv. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: Dados para o mercado de trabalho americano

Impacto esperado no USDBRL: altista

Após o mercado de trabalho surpreender em dezembro com uma criação líquida de empregos de 256 mil ante projeção mediana de 160 mil, analistas estimam uma desaceleração para o mês de janeiro, com saldo de 170 mil novos empregos. Alguns indicadores de alta frequência sugerem que o mercado de trabalho permaneceu aquecido no primeiro mês do ano, mas fatores temporários, como os incêndios na Califórnia e uma onda de frio intenso no leste do país podem ter atenuado a criação de postos de trabalho. Já as previsões para o Índice Gerente de Compras (PMI) de serviços apontam manutenção de seu ritmo de expansão, passando de 54,1 pontos em dezembro para 54,3 pontos em janeiro.

Se confirmadas estas projeções, elas podem reforçar uma leitura de que o Federal Reserve (Fed) terá um espaço reduzido para novos cortes de juros em 2025, o que tende a favorecer o fortalecimento da moeda americana. Na semana passada, as apostas de investidores para novas reduções aumentaram discretamente após o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Fed manter a sua taxa de juros inalterada, no intervalo entre 4,25% a.a. e 4,50% a.a., em linha com as expectativas de analistas. Por um lado, o presidente do Comitê, Jerome Powell, contestou a possibilidade de um corte em março e argumentou que o FOMC pode ser paciente, visto que o nível de juros está menos restritivo do que há alguns meses e a economia continua resiliente. Contudo, ele também afirmou que espera que a inflação no país continuará moderando gradativamente, o que permitiria continuar o ciclo de reduções para a taxa de juros.

EUA: Histórico e expectativa para a taxa de juros – 31 de janeiro de 2025

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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.  Refere-se à aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros na data indicada.

Variação no total de empregos urbanos (mil pessoas) e da taxa de desemprego (%) nos Estados Unidos

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Fonte: U.S. Bureau of Labor Statistics (BLS), Federal Reserve Bank of St. Louis. Elaboração: StoneX.

 

Barreiras tarifárias nos EUA

Impacto esperado no USDBRL: altista

Na semana passada, a incerteza em relação à política comercial americana provocou bastante volatilidade nos mercados de ativos globais. A semana quase começou com uma “guerra comercial” entre EUA e Colômbia após um desentendimento entre os dois países sobre a deportação de imigrantes colombianos, porém um acordo foi acertado ainda no domingo, evitando a aplicação de sobretaxas de 25% sobre os produtos colombianos. Os dias seguiram com mais falas ambíguas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade de novas tarifas de importação tanto para alguns países como para alguns setores específicos.

Contudo, nos últimos dois dias, os receios de que o governo americano possa aumentar essas tarifas se elevou após Trump declarar a repórteres que ele aplicará as sobretaxas de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos e de 10% sobre produtos chineses a partir de 01 de fevereiro. O presidente dos EUA também negou reportagens que afirmavam que o governo atrasaria a aplicação dessas tarifas até 01 de março. A efetivação dessas tarifas pode reduzir o apetite de investidores por ativos arriscados e diminuir as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve em 2025 por conta de efeitos inflacionários, ambos favorecendo o desempenho do dólar globalmente. Da mesma forma, caso os EUA optem por não aplicar estas tarifas, pode-se observar um enfraquecimento da moeda americana.

 

Ata da decisão do Copom

Impacto esperado no USDBRL: altista

No Brasil, o foco dos investidores deve recair sobre a ata da decisão de política monetária do Banco Central (BC), da última quarta-feira (29). Na reunião, o Comitê decidiu por unanimidade aumentar a taxa básica de juros (Selic) de 12,25% a.a. para 13,25% a.a., em linha com as expectativas de analistas, e sinalizou outro aumento de 1,00 p.p. para a decisão de março, deixando os passos seguintes em aberto. De modo geral, espera-se que a ata esclareça a percepção do comitê em relação ao atual balanço de riscos da economia brasileira, especialmente após a adotar maior cautela no comunicado da decisão. No documento, o BC indicou que o balanço de riscos para inflação segue adverso, assimétrico e com viés altista, porém a inclusão de um fator de risco baixista por conta de uma desaceleração econômica nacional chamou a atenção de investidores, que interpretaram a inclusão como uma postura de maior incerteza do que o antecipado e como um possível indício de que a autoridade monetária deseja realizar um ciclo menos agressivo de altas para a Selic. Nesse sentido, diante da ausência de um "forward guidance" para além da próxima reunião e a inclusão de fatores baixistas para a atividade econômica, a ata pode reforçar a expectativa de que o aumento do diferencial de juros não se amplie no curto prazo, o que pode prejudicar a atração de investimentos estrangeiros para o país e contribuir para o enfraquecimento do real.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS

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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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