Panorama Semanal de Câmbio

Panorama de câmbio: principais eventos da semana

 
Leonel Oliveira Mattos
Lucca Bezzon
Vitor Andrioli
Dólar deve refletir reversão do “Trump Trade” e decisões de juros no Brasil, EUA e União Europeia
  • Fatores baixistas
  • Postura mais branda de Donald Trump em relação à imposição de tarifas de importação deve favorecer o desempenho de ativos arriscados, como commodities e moedas de países emergentes, como o real.
  • Copom deve aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 1,0 p.p. e reforçar a perspectiva de juros mais altos por mais tempo no Brasil, favorecendo a atração de investimentos estrangeiros e fortalecendo o real.
     
  • Fatores altistas
  • Decisão de juros do FOMC deve reforçar a percepção de que o Federal Reserve será cauteloso em seu ciclo de cortes de juros, o que favorece a rentabilidade de títulos denominados em dólar e contribui para o fortalecimento global da moeda.
  • Banco Central Europeu deve reduzir sua taxa de juros em 0,25 p.p., o que tende a enfraquecer o euro e, indiretamente, contribui para o fortalecimento global da moeda.

 

Resumo da semana passada

A semana foi marcada pelo enfraquecimento global da moeda americana após o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentar uma postura menos agressiva que o esperado para a aplicação de tarifas de importação sobre os demais países, o que favoreceu o desempenho de ativos arriscados como commodities e moedas de países emergentes.

O dólar negociado no mercado interbancário terminou a sessão desta sexta-feira (24) cotado a R$ 5,9182, recuo semanal de 2,4%, mensal de 4,2% e anual de 4,2%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 107,4 pontos, variação de -1,7% na semana, de -0,6% no mês e de -0,6% no ano.

Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)

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Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.

 

O MAIS IMPORTANTE: Decisão de política monetária do FOMC

Impacto esperado no USDBRL: altista

Na quarta-feira (29), o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed) deve manter sua taxa básica de juros estável, no intervalo entre 4,25% e 4,50% a.a, interrompendo a sequência de quedas iniciada na decisão de setembro. Essa pausa reflete um cenário de dados econômicos mais aquecidos, com riscos mais baixos de um enfraquecimento súbito do mercado de trabalho e com a inflação estabilizada em um patamar distante da meta perseguida pelo Fed, de 2% anuais. Diante da alta probabilidade de manutenção dos juros, os investidores devem concentrar sua atenção no comunicado do Comitê e na entrevista coletiva de seu presidente, Jerome Powell, buscando sinais quanto à trajetória futura da taxa de juros. A expectativa é de que o FOMC reforce que pode ser paciente e cauteloso na condução da política monetária, visto que a inflação tem caído a um ritmo mais lento que o desejado e a atividade econômica permanece resiliente, e que só retomará as reduções de juros após ganhar maior confiança de que a inflação segue estabilizando. Nesse sentido, vale destacar que a mediana das projeções para o núcleo do Índice de Preços de Despesas com Consumo Pessoal (PCE) de dezembro, que exclui os voláteis componentes de alimentação e energia, deve apresentar novo aumento moderado na sexta-feira (31). Como o PCE é utilizado pelo Fed para verificar sua meta de inflação, os números de dezembro devem ajudar a reduzir parcialmente os temores de que a inflação dos EUA está resiliente e persistente.

Adicionalmente, a expectativa de impacto inflacionário pelas possíveis medidas econômicas do governo de Donald Trump também deve reforçar a postura cautelosa do FOMC, embora o Comitê deva mencionar que essas possíveis medidas não irão afetar as decisões de política monetária enquanto não houver detalhes mais concretos sobre seu conteúdo e cronograma. Na coletiva de imprensa após a última decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que os integrantes do Federal Reserve já começaram a avaliar, preliminarmente, os possíveis efeitos dessas propostas, como aumento de tarifas, cortes de impostos e mudanças nas políticas migratórias. As recentes falas de Trump com relação ao seu desejo de que as taxas de juros sejam reduzidas também podem adicionar para o cenário de incertezas, por mais que o presidente não tenha autonomia para interferir na decisão e Powell já tenha endereçado a autonomia do Federal Reserve em situações parecidas no passado. Dessa forma, a decisão do FOMC deve reforçar a percepção entre investidores de que o banco central americano deve ser reduzir de forma lenta sua taxa de juros, o que pode impulsionar os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e valorizar o dólar globalmente.

EUA: Histórico e expectativa para a taxa de juros – 24 de janeiro de 2025

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Fonte: CME FedWatch Tool. Elaboração: StoneX.  Refere-se à aposta com maior probabilidade no mercado futuro de juros na data indicada.

 

Reversão do “Trump Trade”

Impacto esperado no USDBRL: baixista

O dólar enfraqueceu de maneira ampla e consistente na semana passada, recuando ao menor valor desde 18 de dezembro, após o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreender a maior parte dos investidores com uma postura mais branda para a política comercial americana. Por ter sido uma das suas principais promessas de campanha, havia um receio de que Trump elevaria os impostos de importação já em seu primeiro dia de governo. Contudo, o presidente optou por ameaçar a imposição dessas sobretaxas sem direcionar nenhuma medida imediata, o que gerou uma impressão de que essas estão sendo usadas como táticas de negociação com as outras economias globais. 

A primeira semana de Trump também elevou o nível de volatilidade e incertezas nos mercados financeiros, e investidores se mantiveram em compasso de espera aguardando sinalizações mais concretas das políticas econômicas americanas. Se em alguns momentos o presidente dos EUA mencionou a possibilidade de aplicar uma sobretaxa de 25% sobre os produtos vindos do México e Canadá e de 10% sobre produtos chineses, ele também afirmou que “preferia não impor” tarifas sobre a China e que um acordo comercial poderia ser alcançado entre as duas maiores economias do mundo. Evidentemente, Trump ainda pode elevar os impostos de importações, e é possível que isso ocorra nos próximos meses, o que teria algum efeito inflacionário e pode exigir uma postura mais rígida do Federal Reserve. Contudo, a ausência de medidas concretas nestes primeiros dias deve continuar a melhorar o apetite por ativos arriscados e favorecer o desempenho de commodities e moedas de economias emergentes.

 

Decisão de juros do Copom

Impacto esperado no USDBRL: baixista

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve aumentar a taxa básica de juros (Selic) de 12,25% a.a. para 13,25% a.a. em sua decisão de quarta-feira (29), tal como sinalizado em dezembro. Se naquela decisão o Comitê apontou que a realização de duas altas mais intensas de jursos se justificavam pela piora do cenário futuro de inflação, que está “menos incerto e mais adverso” e com “assimetria altista” após a “materialização de riscos inflacionários”, esse cenário pareceu piorar ainda mais desde a última decisão, com uma intensa desvalorização da taxa de câmbio, contínua elevação das expectativas inflacionárias e uma séria crise de credibilidade da condução da política fiscal brasileira junto a investidores. O comunicado da decisão deve ser novamente firme em relação aos riscos inflacionários enfrentados pelo Brasil e reforçar a perspectiva de que a Selic passará por rápidas elevações. Adicionalmente, investidores observarão se haverá mudança no “guia futuro” (foward guidance), que era de duas altas consecutivas de 1,00 p.p. na última reunião. A perspectiva de juros básicos mais altos por mais tempo eleva as expectativas de rentabilidade de títulos domésticos, o que favorece a entrada de investimentos estrangeiros e pode contribuir para a valorização do real.

 

Decisão de juros do Copom

Impacto esperado no USDBRL: altista

Em meio a uma sensível desaceleração do crescimento econômico, o Banco Central Europeu (BCE) deve reduzir sua taxa básica de juros de 3,00% a.a. para 2,75% a.a. Investidores devem observar os comentários da presidente do BCE,Christine Lagarde, sobre as expectativas para a política econômica americana e como elas podem afetar o cenário macroeconômico europeu. Uma eventual elevação dos impostos de importações dos EUA sobre a União Europeia deve prejudicar ainda mais o desempenho do bloco de moeda unificada, ampliando o contraste com o crescimento americano e reduzindo a atratividade dos ativos europeus, o que tende a fortalecer o dólar globalmente.

 

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TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS

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Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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