Panorama de câmbio: principais eventos da semana
- Fatores baixistas
- Expectativa por anúncio de medidas para corte de gastos no Brasil pode reduzir a percepção de riscos fiscais de ativos brasileiros e fortalecer o real.
- Fatores altistas
- Extensão do “Trump trade” deve continuar ampliando as expectativas para o crescimento econômico, inflação e nível de juros nos EUA, fortalecendo o dólar globalmente.
Resumo da semana passada
A semana foi marcada pela tendência de força global do dólar, com diminuição das apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve em função da extensão dos ajustes de posições à vitória expressiva de Donald Trump e da divulgação de dados inflacionários mais aquecidos nos EUA. No Brasil, o prolongamento da indefinição sobre o pacote de cortes de gastos pelos governo federal contribuiu para o enfraquecimento do real.
O dólar negociado no mercado interbancário terminou a sessão desta sexta-feira (15) em alta, cotado a R$ 5,738, ganho semanal de 0,8%, mensal de 0,1% e anual de 19,0%. Já o dollar index fechou o pregão desta sexta cotado a 106,7 pontos, variação de +1,6% na semana, +2,6% no mês e de +5,3% no ano.
Dólar comercial (US$/R$) e Dollar Index (pontos)
Fonte: StoneX cmdtyView. Elaboração: StoneX.
O MAIS IMPORTANTE: Continuidade do “Trump Trade”
Impacto esperado no USDBRL: altista
A vitória expressiva de Donald Trump e maioria republicana no Senado e na Câmara continuam reverberando nos mercados financeiros globais. O dollar index, que pondera o valor da moeda americana frente a uma cesta de divisas de economias avançadas, subiu pela sétima semana consecutiva em função da extensão do chamado “Trump Trade”, isto é, o movimento de ajuste de posições das carteiras de investidores aos possíveis efeitos de medidas do novo governo Trump. Por exemplo, a elevação de tarifas de importação e a restrição à entrada de imigrantes podem resultar em pressões inflacionárias ao elevar os custos de produtos importados e ao restringir a oferta de mão de obra em um mercado de trabalho com elevado nível de participação e com baixa taxa de desemprego. Adicionalmente, a redução de impostos corporativos pode melhorar a lucratividade de empresas americanas e estimular o investimento e o crescimento do país, ao mesmo tempo em que deve ampliar o já elevado déficit fiscal. A possibilidade de pressões inflacionárias e a aceleração do endividamento público reduzem as apostas de investidores para cortes de juros pelo Federal Reserve, o que impulsiona os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e beneficia o desempenho do dólar. Da mesma maneira, a perspectiva de maior rentabilidade para as empresas favorece a atração de capitais externos para as bolsas de valores do país e também contribuem para o fortalecimento global da moeda americana.
Rendimento do título do tesouro americano de 10 anos (% a.a.)
Fonte: Refinitiv. Elaboração: StoneX.
A extensão do chamado “Trump trade” tem prejudicado em particular o desempenho de commodities em função dos temores de que uma escalada nas “guerras tarifárias” entre os países prejudique o comércio internacional entre economias e reduza o potencial de crescimento econômico global. Esses temores foram intensificados após reportagem do Financial Times afirmar que Trump teria convidado Robert Lighthizer para assumir novamente o comando do comércio exterior americano, informação que ainda não foi confirmada ou negada oficialmente. Lighthizer foi um dos responsáveis pela guerra comercial no primeiro governo Trump e é conhecido como um “arquiprotecionista”, isto é, um firme defensor de barreiras tarifárias para os EUA. Diferentemente de outras promessas de campanhas, a modificação de impostos à importação pode ser feita por meio de ato do Executivo, o que daria maior liberdade e velocidade ao novo presidente caso deseje realizá-la.
Evolução dos subíndices do Bloomberg Commodity Index (jan/24 = 100)
Fonte: Refinitiv. Elaboração: StoneX.
Pacote de corte de gastos públicos
Impacto esperado no USDBRL: baixista
Investidores permanecem aguardando a divulgação do prometido pacote de medidas de redução de gastos públicos pela quarta-feira seguida, porém há indícios de que isso possa, de fato, ocorrer esta semana. Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, continuou se reunindo com seus ministros da equipe econômica e solicitou a inclusão do Ministério da Defesa no pacote de medidas. Adicionalmente, Lula se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para tratar do tema. Reportagens de imprensa afirmaram, também na semana passada, que o Ministério da Fazenda apresentou ao Congresso um pacote de cortes de gastos no valor de R$ 70 bilhões para os próximos dois anos — cerca de R$ 30 bilhões em 2025 e o restante no ano seguinte. Embora a informação não tenha sido confirmada oficialmente, investidores se mostram mais otimistas de que o pacote de medidas será maior que o inicialmente antecipado e poderá ter um impacto relevante nas percepções de risco fiscal, favorecendo um fortalecimento do real.
TABELA DE INDICADORES ECONÔMICOS
Fontes: Banco Central do Brasil; B3; IBGE; Fipe; FGV; MDIC; IPEA e StoneX cmdtyView.
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