Comentários de Abertura
Os futuros de ações apresentaram um tom mais fraco durante a noite, à medida que as tarifas voltam às manchetes e os traders se preparam para os dados de inflação de amanhã. Os traders também estarão atentos ao Capitólio, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, testemunhará hoje perante o Comitê Bancário do Senado, seguido de uma visita ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara amanhã. O índice de volatilidade VIX continua sendo negociado próximo de 16 pontos, enquanto o dollar index está em torno de 108,2. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos estão em torno de 4,54%, enquanto os de 2 anos estão próximos de 4,29%. Os preços do petróleo bruto estão mais de 1% mais altos neste momento, com o foco retornando às preocupações com a oferta devido ao aumento das sanções contra Irã e Rússia. Os mercados de grãos e oleaginosas foram, em geral, mistos a mais firmes durante a sessão noturna, embora tenham mostrado alguma fraqueza antes da pausa desta manhã.
Tarifas, tarifas e mais tarifas. O presidente Trump as adora. Ele as usa como ferramenta de negociação e como fonte de receita. Às vezes, é difícil dizer qual o propósito exato ao aumentar uma tarifa, e provavelmente é assim que ele prefere. Ele gosta de manter as pessoas na dúvida. As tarifas de 25% sobre Canadá e México visavam garantir a segurança das fronteiras dos Estados Unidos para interromper o fluxo de imigração ilegal e drogas. Ocasionalmente, Trump mencionava o comércio injusto, mas sempre reforçava que a questão era a fronteira. Tanto Canadá quanto México cederam, e Trump suspendeu a implementação das tarifas por 30 dias, afirmando que queria garantir que eles cumprissem seus compromissos. Então, ele impôs tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio ontem, o que afetará especialmente o Canadá. Quando questionado sobre a suspensão das tarifas, Trump afirmou que nem Canadá nem México fizeram o suficiente até agora, mas seguiu com comentários sobre desequilíbrios comerciais. Ele continua mudando os critérios, mantendo Canadá e México em alerta e os mercados na incerteza. Espera-se também que, entre hoje e amanhã, sejam anunciados planos para impor tarifas recíprocas sobre países que aplicam tarifas às exportações dos EUA. Além disso, ainda não houve comentários sobre suas ameaças de tarifas contra a Europa ou sobre seu plano de tarifas universais. O mercado tem demonstrado alguma resiliência em meio a essas discussões, embora permaneça tenso. No fim, os traders monitorarão os indicadores econômicos para avaliar os impactos das tarifas sobre as receitas e o crescimento.
As tensões geopolíticas também estão mudando. O presidente Trump quer que Israel abandone seu acordo de cessar-fogo com o Hamas caso todos os reféns não sejam libertados até o fim de semana. Ele também afirmou que deseja chegar a um acordo com o Irã. Segundo ele, há duas opções para o futuro das relações com o Irã: guerra ou um acordo assinado – e ele prefere o acordo. Além disso, Trump tem trabalhado por um tratado de paz na guerra da Ucrânia, mas pausou os esforços para envolver a OTAN nas negociações, já que qualquer acordo teria implicações significativas para a Europa. Enquanto isso, as relações com a China parecem ter esfriado um pouco. Ainda se espera um acordo comercial com a China, mas os dois países possuem valores fundamentais muito distintos, e muitas das questões de longo prazo não desaparecerão. Curiosamente, o presidente chinês Xi Jinping aceitou um convite do presidente russo Vladimir Putin para comparecer às comemorações do Dia da Vitória em Moscou, em maio, marcando o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Essa viagem reforça a ideia de que China e Rússia continuam comprometidas uma com a outra, apesar dos temores na China de que Trump poderia fortalecer laços com Putin nas negociações de paz na Ucrânia, isolando a China. Xi teria dito a Putin, em uma reunião virtual no mês passado, que ambos deveriam aprofundar sua coordenação estratégica e se apoiar mutuamente diante de “incertezas externas”. Embora os dois não confiem plenamente um no outro, “o inimigo do seu inimigo é seu amigo”.
A China informou que 6,1 milhões de casais registraram casamento em 2024, uma queda de 20,5% em relação aos 7,68 milhões de 2023. Isso é significativo porque ter filhos fora do casamento é ilegal na China. Em 2024, foram registrados 9,54 milhões de nascimentos no país, uma queda de 43% em relação ao pico de 17,86 milhões em 2016. A população chinesa está envelhecendo, e a taxa de mortalidade tem superado a taxa de natalidade nos últimos anos, resultando em um declínio populacional. Isso representa desafios para sua economia. Em 2023, a China tinha 297 milhões de adultos com mais de 60 anos, representando 21,1% da população total. Esse número deve chegar a meio bilhão até 2050, criando um desafio ainda maior para a economia do país, que se baseia em uma população e força de trabalho em redução.
Os mercados de grãos e oleaginosas estão focados no relatório mensal de oferta e demanda do USDA (WASDE) de hoje. Espera-se que o USDA reduza as exportações de trigo da Rússia, aumente as exportações de milho dos EUA e possivelmente também a demanda por milho para etanol. Pequenos ajustes também podem ser feitos nas estimativas de produção da América do Sul, mas este relatório deve ser relativamente moderado. No entanto, os traders sabem que o USDA tem o hábito de surpreender, então estarão atentos aos números divulgados.
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