Comentários de Abertura

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Os desdobramentos sobre tarifas continuam dominando as discussões em Wall Street, mesmo com a divulgação de dados importantes sobre o mercado de trabalho iniciando hoje e prosseguindo ao longo da semana, culminando com o relatório mensal de empregos na sexta-feira. Os contratos futuros de ações operaram de forma mista nesta manhã, à medida que os investidores seguem avaliando as manchetes do mercado. O índice VIX recuou para próximo de 18 nesta manhã, enquanto o dollar index está mais fraco, próximo de 108,4. Os títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA estão perto de 4,58%, enquanto os títulos de 2 anos estão em torno de 4,26%. Os preços do petróleo bruto caíram mais de 3% neste momento, após a China impor tarifas retaliatórias que incluem o petróleo dos EUA. No setor de grãos e oleaginosas, a maioria dos contratos opera em queda, refletindo o aumento das tensões comerciais com a China.

A resposta inicial da China às tarifas anunciadas pelo presidente Trump no fim de semana foi relativamente moderada, limitando-se a informar que apresentaria uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC). Trump impôs uma tarifa de 10% sobre mais de US$ 450 bilhões em bens chineses exportados para os Estados Unidos, com o objetivo de pressionar a China a tomar medidas para conter o fluxo de fentanil e seus insumos químicos para os EUA. O mercado recebeu bem a abordagem inicial da China na segunda-feira, acreditando que talvez uma guerra comercial pudesse ser evitada. No entanto, hoje a China impôs tarifas sobre um número limitado de produtos importados dos EUA, além de notificar diversas empresas americanas sobre possíveis sanções. Foram aplicadas tarifas de 15% sobre determinados tipos de carvão e gás natural liquefeito (GNL), e tarifas de 10% sobre petróleo bruto dos EUA, maquinário agrícola, automóveis de grande porte e caminhonetes.

As ações da China são vistas como relativamente contidas, buscando enviar um sinal sem escalar excessivamente a guerra tarifária – um conflito que prejudicaria sua economia além do que pode suportar no momento. As tarifas atingem US$ 20 bilhões em bens dos EUA exportados para a China, representando cerca de 12% das importações totais americanas. Ainda assim, essas medidas aumentaram a ansiedade do mercado, principalmente no setor de commodities, gerando temores de que o embate tarifário possa se agravar antes de melhorar. No entanto, a resposta moderada da China até agora sugere que ainda há espaço para um possível acordo. A principal demanda de Trump ao impor essas tarifas é interromper o fluxo de fentanil, mas ele também expressou interesse em reduzir o déficit comercial entre os dois países. No primeiro dia de seu mandato, Trump ordenou uma revisão da relação econômica entre os EUA e a China. Esse relatório será entregue a ele em 1º de abril e poderá servir como base para novas medidas tarifárias contra a China. A Casa Branca confirmou que Trump deve conversar novamente com o presidente chinês, Xi Jinping, ainda esta semana.

O cenário é diferente no caso do Canadá e do México, países sobre os quais Trump impôs tarifas de 25% no fim de semana. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou na manhã de segunda-feira que as tarifas impostas ao país foram suspensas por 30 dias, após um acordo com Trump, que posteriormente confirmou a decisão. Ela prometeu enviar 10.000 soldados da Guarda Nacional para reforçar a fronteira com os Estados Unidos, a fim de conter o tráfico ilegal de migrantes e drogas, além de continuar negociando outras medidas de segurança. Na segunda-feira à tarde, um acordo semelhante foi alcançado com o Canadá, após uma segunda conversa entre o primeiro-ministro Justin Trudeau e Trump. Trudeau comprometeu-se a implementar um plano de segurança de fronteira de US$ 1,3 bilhão, além de nomear um coordenador especial para lidar com o problema do fentanil. O Canadá utilizará novos helicópteros, tecnologia, pessoal e reforçará a cooperação com autoridades americanas para aumentar a segurança na fronteira.

Os mercados de grãos e oleaginosas registraram forte alta na segunda-feira, quando surgiram notícias sobre a suspensão das tarifas ao México. O otimismo aumentou ainda mais com a possível suspensão das tarifas ao Canadá, considerando que ambos os países são parceiros comerciais estratégicos dos EUA no setor de commodities. No entanto, as commodities sofreram um revés nesta manhã, após a implementação das tarifas chinesas. O petróleo bruto foi diretamente impactado, assim como o gás natural liquefeito (GNL) e o carvão. Entretanto, grãos e oleaginosas ainda não foram atingidos pelas tarifas chinesas, embora o mercado tema que possam ser alvo no futuro.

No entanto, é importante compreender que as tarifas não são o principal obstáculo às exportações de grãos e oleaginosas dos EUA para a China. O verdadeiro problema é a valorização do dólar frente ao real e ao peso, que torna o milho e a soja produzidos na América do Sul significativamente mais baratos do que os produtos americanos. A China recorre aos Estados Unidos para suprir sua demanda apenas quando os estoques na América do Sul se esgotam. Uma exceção é a soja brasileira, que tem menor capacidade de armazenamento, levando a China a adquirir soja dos EUA para suas reservas estratégicas quando não encontra ofertas viáveis na Argentina. Dessa forma, os EUA continuarão perdendo participação de mercado para o Brasil enquanto as taxas de câmbio incentivarem a expansão da produção sul-americana, a menos que a China assine um acordo comercial que a obrigue a comprar grandes volumes de milho e/ou soja dos EUA a um preço desvantajoso, em troca de um tratamento mais favorável para suas exportações de bens de consumo aos EUA. Caso tal acordo ocorra – e essa ainda é uma possibilidade incerta – ele provavelmente duraria apenas durante a presidência de Trump.

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