Comentários de Abertura
Os futuros de ações apresentaram variações discretas durante a noite, enquanto os investidores se preparam para uma abundância de dados sobre empregos ao longo da semana e continuam avaliando o fluxo constante de manchetes geradas pelo presidente eleito Donald Trump. O Dia da Posse só ocorrerá em 20 de janeiro, mas Trump já está influenciando a política internacional com suas ameaças de tarifas, que têm sido frequentes. O índice VIX está abaixo de 14 nesta manhã, enquanto as ações são negociadas um pouco abaixo dos níveis recordes, refletindo uma certa calma em Wall Street até agora. O dollar index está próximo de 106,2, enquanto o euro se estabiliza em meio a preocupações com a instabilidade do governo francês. Os títulos de 10 anos do Tesouro estão em torno de 4,18%, enquanto os de 2 anos estão perto de 4,16%. Os preços do petróleo bruto subiram mais de 1%, com os investidores focados nas expectativas de que a OPEP+ adiará novamente os aumentos de produção, enquanto os mercados de grãos e oleaginosas se recuperam.
Os legisladores franceses estão programados para votar na quarta-feira à noite uma medida de moção de desconfiança para destituir uma frágil coalizão no poder. Este deve ser o primeiro voto de desconfiança bem-sucedido a forçar a saída de um governo em mais de 60 anos. A França, segunda maior economia da Europa, enfrenta um enorme déficit orçamentário que traz desafios à economia da zona do euro. A moção foi proposta depois que o primeiro-ministro Michel Barnier tentou aprovar a parte da Previdência Social do orçamento no Parlamento sem votação, devido à falta de apoio. Enquanto isso, a Alemanha, maior economia da Europa, também enfrenta eleições em breve. Vale lembrar que Trump ameaçou tarifas que podem criar desafios adicionais tanto para essas economias quanto para a zona do euro como um todo. Ainda assim, a zona do euro busca o apoio dos Estados Unidos contra a ameaça persistente de agressão russa em sua fronteira oriental.
A Ucrânia é atualmente um dos nove países candidatos a ingressar na União Europeia e solicitou adesão à OTAN. O país busca integrar-se à comunidade europeia para obter proteção contra a agressão russa. No entanto, isso também aumenta a percepção de ameaça do presidente russo Vladimir Putin em relação à Europa. A Rússia foi invadida 50 vezes ao longo dos séculos, mas sua proteção era mais eficaz quando suas fronteiras se estendiam até as montanhas europeias. Esse parece ser o objetivo de Putin: estender suas fronteiras até essas montanhas, onde se sentiria mais seguro. Isso, porém, implica avançar pela Ucrânia e além. O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy teria oferecido nesta semana permitir que a Rússia mantenha os territórios tomados desde 24 de fevereiro de 2022, contanto que a Ucrânia possa manter os territórios russos que capturou, e que a adesão à OTAN seja garantida. Ele acredita que os territórios podem ser negociados de volta aos seus proprietários originais de forma diplomática após o fim dos combates, já que a adesão à OTAN proporcionaria segurança à Ucrânia. No entanto, essa adesão à OTAN é inaceitável para Putin, que vê a organização como uma ameaça à Rússia. A Ucrânia tem sido o tampão entre a OTAN e a Rússia. A Europa encontra-se nesse impasse, obrigada a apoiar a Ucrânia numa guerra em um momento de dificuldades financeiras, enquanto enfrenta também as tarifas de Trump. Isso explica as dificuldades do euro nos mercados cambiais, enquanto o dólar permanece forte, impulsionado pelas expectativas de uma economia norte-americana sólida.
As relações com a China também estão em um ponto crítico. A China tem deixado claro que deseja usar a coalizão dos BRICS e sua relação com os países da Iniciativa do Cinturão e Rota para substituir o dólar como moeda global por uma própria — seja o yuan ou uma moeda digital controlada por ela. Trump ameaçou, no fim de semana, aplicar tarifas de 100% a qualquer país que participe desse esquema. A China também enfrenta tarifas adicionais prometidas por Trump, em um momento em que sua economia luta para se recuperar. Apesar dos esforços para reverter esse cenário, as tarifas de Trump podem frustrar essa recuperação. Assim, o presidente Xi Jinping está intensificando suas iniciativas para avançar com a Iniciativa do Cinturão e Rota, que agora inclui 139 países. Ele pede ações decisivas para levar a BRI adiante, o que exigirá compromissos financeiros significativos da China para conquistar o apoio desses países, enquanto enfrenta déficits orçamentários crescentes.
Xi pode considerar um acordo comercial com o governo Trump para aliviar a pressão tarifária sobre bens de consumo exportados para os EUA, em troca da compra de maiores quantidades de commodities agrícolas americanas. Essa possibilidade está sendo discutida entre especialistas na China, mas com ceticismo. Qualquer acordo nesse sentido seria um movimento de curto prazo, projetado para durar os quatro anos de uma administração Trump, enquanto a China recupera sua economia para enfrentar os desafios de longo prazo após o fim do mandato de Trump. Os riscos geopolíticos estão se intensificando neste grande jogo de xadrez, e os mercados de commodities estão no centro desse conflito. Por enquanto, observa-se que a desvalorização do real brasileiro torna a soja do Brasil mais barata do que a dos Estados Unidos para entrega em janeiro nos portos chineses, o que representa um problema para a soja norte-americana.
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