Comentários de Abertura

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Os futuros de ações apresentaram movimentos mistos durante a madrugada, com o início de um novo mês voltado para avaliações de gastos de fim de ano e empregos. Analistas acreditam que tivemos um bom final de semana de consumo, mas buscam comprovação disso nos dados. Enquanto isso, estão programados para esta semana o relatório JOLTS amanhã, o relatório de emprego da ADP na quarta-feira, os relatórios Challenger de cortes de emprego e pedidos semanais de auxílio-desemprego na quinta-feira, e o relatório mensal de empregos do governo na sexta-feira. Todos esses dados ajudarão a definir o tom da próxima reunião de política monetária do Federal Reserve, que ocorrerá em duas semanas. O índice VIX está sendo negociado próximo de 14 nesta manhã, refletindo relativa calmaria em Wall Street, enquanto o dollar index subiu significativamente para 106,3, à medida que o euro recua devido a temores de um possível colapso governamental na França, que poderia atrasar os esforços para resolver seu crescente déficit orçamentário. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos estão sendo negociados próximos de 4,23%, enquanto os rendimentos dos títulos de 2 anos estão em torno de 4,22%. Os preços do petróleo bruto estão se recuperando da mínima de sexta-feira, perto de US$ 68 – uma área que já atraiu compradores de valor no passado – enquanto os preços de grãos e oleaginosas começaram o novo mês majoritariamente em queda.

O presidente eleito Donald Trump continua a ser destaque, mesmo não assumindo o cargo até 20 de janeiro. Suas nomeações para o gabinete demonstram a direção que ele deseja para suas políticas, e pode-se argumentar que ele já está começando a implementá-las com suas declarações. Wall Street tomou nota da ameaça feita na semana passada de usar seus poderes executivos no primeiro dia de seu segundo mandato para impor tarifas de 25% ao Canadá e ao México e de 10% a todos os bens vindos da China até que a imigração ilegal e o tráfico de drogas sejam contidos nas fronteiras. A ameaça gerou uma ligação imediata do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, seguida de um jantar entre os dois na Flórida no fim de semana. Há uma possibilidade real de que as diferenças entre Trump e Trudeau sejam resolvidas até 20 de janeiro. A ameaça tarifária de Trump também provocou uma ligação da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, resultando em um diálogo sobre as questões. Sheinbaum, como recém-eleita, precisava mostrar firmeza ao falar com Trump, mas também existe a chance de que um acordo seja rapidamente alcançado entre ela e Trump no início do próximo ano. Provavelmente levará mais tempo para resolver as questões com a China, mas a China dificilmente pode se dar ao luxo de escalar uma guerra comercial com os Estados Unidos, considerando sua economia enfraquecida.

Trump intensificou a questão com a China durante o fim de semana. O presidente Xi Jinping acredita que os Estados Unidos atingiram seu ponto de força econômica e militar global porque o dólar americano tem sido a moeda preferida desde a Segunda Guerra Mundial. Ele gostaria de derrubar o dólar dessa posição. Xi tem trabalhado para implementar sua estratégia por meio do BRICS e de países participantes de sua Iniciativa do Cinturão e Rota. No fim de semana, Trump ameaçou impor tarifas de 100% sobre os bens provenientes dos nove países membros do BRICS caso o bloco tome medidas para criar uma moeda que substitua o dólar americano. Como nos casos anteriores, a ameaça de uma tarifa de 100% provavelmente visa criar condições para negociações. Contudo, Trudeau e Sheinbaum agiram rapidamente após as ameaças da semana passada, porque perceberam a disposição de Trump em cumprir suas ameaças durante seu primeiro mandato. A questão agora é como Xi responderá às ameaças feitas neste fim de semana, claramente direcionadas aos esforços da China. Trump também ameaçou impor tarifas de 271,2% sobre produtos solares importados de quatro países do Sudeste Asiático, com base na constatação do Departamento de Comércio dos EUA de que 80% das empresas por trás desses produtos nesses quatro países são chinesas.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, teria declarado durante o fim de semana que está disposto a ceder algumas terras tomadas pela Rússia em troca de paz. No entanto, seus comentários também sugerem que ele insistiria em manter território russo em Kursk, invadido pela Ucrânia neste outono. Na época, afirmei que a incursão em Kursk parecia ser uma tentativa de Zelensky de obter cartas na manga antes das negociações de paz forçadas por Trump. Trump afirmou durante sua campanha que rapidamente encerraria a guerra na Ucrânia. O presidente russo Vladimir Putin insiste que qualquer negociação de paz deve reconhecer os territórios capturados como parte da Rússia. Zelensky fez sua jogada para ter seu próprio trunfo. Agora, aguardamos para ver como Trump trará ambos à mesa de negociações. De qualquer forma, isso é mais uma evidência de que algum tipo de cessar-fogo ou acordo de paz pode estar no horizonte para a região do Mar Negro.

As cotas de exportação de trigo russo foram fixadas em 11 milhões de toneladas para o período de meados de fevereiro a junho, uma redução em relação ao volume próximo de 28 milhões de toneladas do ano anterior. Isso estava em linha com as expectativas do mercado, com a demanda global sendo atendida temporariamente pela colheita do Hemisfério Sul. No entanto, isso enfatiza o aperto na oferta entre os exportadores globais, especialmente se a Rússia tiver outra safra fraca no próximo ano. As colheitas continuam boas no Brasil, enquanto na Argentina também não há problemas significativos no momento, embora a situação esteja ligeiramente seca. O foco deste mês está amplamente na demanda antes de os estoques sul-americanos chegarem ao mercado, enquanto os negociadores também monitoram as negociações sobre as ameaças tarifárias mencionadas acima.

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